sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O cisne do Mallarmé

    Un cygne d'autrefois se souvient que c'est lui
    Magnifique mais qui sans espoir se délivre
    Pour n'avoir pas chanté la région où vivre
    Quand du stérile hiver a resplendi l'ennui.

    Eu não tenho a menor competência para traduzir esse quarteto do soneto Le vierge, le vivace et le bel aujourd'hui do poeta Stephane Mallarmé . Mas fiquemos no sentido . Um cisne velho, ainda que belo, reconhece sua desesperança. Não partiu para terras quentes e agora sofre o árido inverno, com o seu implacável tédio.
    Esse soneto , para os mais apaixonados pela obra de Proust , não é estranho. Afinal, para que Albertine não fugisse, Marcel prometeu- lhe um iate , com essa quadra pintada na proa.
    Pode parecer esnobismo, mas vendo pessoas tão calorosas com essa eleição me fez lembrar o mesmo tédio que o cisne de ontem sente.
    E o pior, pelo visto teremos um árido inverno pela frente, no próximo ano.

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