sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Bovary somos nós

Eu não estou com o livro aqui, talvez esteja na minha casa, mas não iria achá-lo, aliás, eu nem sei se posso confiar tanto na minha  memória. E, claro, também desconfio que o episódio não tem nada a ver.

Ou tem ? É que dei uma rápida olhada nos programas dos candidatos na televisão e tentei entender o que é esse tal marketing político. Bem, a palavra marketing vem, só pode ser, de market, isto é, mercado. E antigamente não havia mercados , nem super, nem mercadinhos, nem mercadões. Eram as feiras livres ( que ainda existem, apesar das ciclofaixas e do delivery 24 horas. Aí que me lembrei de um dos capítulos iniciais de Madame Bovary, do Flaubert . Sem querer estragar o prazer de quem ainda não leu essa beleza , Emma Bovary, a Madame em questão , era uma bela moça , casada com um chato , mas boa praça, e vivia entediada . Pois vendo , pela janela, uma feira livre, cheia de caipiras e sujeitos sem nenhuma classe , notou a chegada de um homem maravilhoso, vestido num terno ( ou outro traje ) verde e amarelo . Era Rodolfo. Logo ficou animada com a possibilidade de dar um up.

Esse capítulo parece meio fraco , quando pensamos no seguinte . Pois aí rola uma Exposição Agrícola e Rodolfo leva a jovem senhora para uma sala vazia da Prefeitura e, enquanto as autoridades escolhem os melhores adubos, os dois fazem aquilo que os franceses chamam amour.

Ou seja , depois do marketing político, a eleição e o prazer vem sempre a realidade. Para Emma, dívidas e outros rolos. Para nós, o mesmo.

Mas talvez eu esteja equivocado.

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