Na terça´feira passada, no lindo recital dado pelas maravilhosas Vivtoria Mullova e Katia Labeque, no finalzinho, naquela parte que os mais metidos chamam de encore , elas tocaram a bela valsa do Pixinguinha , Rosa, Que era uma homenagem ao Brasil, é claro. Mas estariam elas sabendo que o maior cantor popular brasileiro, Orlando Silva , completaria cem anos nesta semana ?
Bem, sempre haverá aquela dúvida, Abbey Road ou Sgt Pepper, Exile ou Sticky Fingers, seleção de 58 ou de 70. Mas mais que Chico Alves, eu sou Orlando, por dois motivos. O primeiro, pela influência que ele exerceu em João Gilberto e Roberto Carlos . E depois por motivos familiares.
Como assim ? Pois em 1939 ou 1940 , o cantor das multidões como Orlando era conhecido , visitou a cidade de Rio Grande e ele estava no auge da sua carreira. E uma prima da minha mãe, a Vilna, era adolescente e louca pelo cantor. Pois por um capricho do destino, no dia que ele iria se apresentar ( minha avó nunca me contou aonde ) , a fã ficou doente, de cama. No dia seguinte, porém, antes de partir, o bom moço foi visitá-la na sua casa. E aí tudo deu para trás. Vilna se decepcionou quando viu o seu príncipe ao vivo. Baixinho, feio, magrinho e porque não se lembrar que a família tinha lá seus preconceitos ; enfim, ela se curou da doença e da mania de Orlando.
Que ele nunca foi o mesmo por conta de morfina , bebida , más mulheres e outros tempos isso é fato. O que sempre me causou surpresa foi o fato da minha avó garantir que a sua sobrinha Vilna era romântica apreciadora de poesia e música. Pois quando eu a conheci, era uma velha rabugenta que vivia chamando todos de corno ou viado , fumando cigarros continental e dando berros para que o seu marido, surdo, a escutasse. Mesmo mãe da minha prima Mara, uma beleza de morena que parecia a Giovana Antonelli nos meus sonhos adolescentes , Vilna não combinava com a imagem de uma mocinha que faria Orlando Silva visitar .
Hoje, sem Orlando e Vilna, com grandes desconfianças que Mara deva estar tão decadente quanto eu, só me resta lembrar que Rosa , a canção, nunca mais foi cantada por Orlando após a morte da sua mãe, Dona Balbina . Afinal, justificou o grande cantor, era a canção preferida dela. Pois eu tenho outra música número um. Justamente ,a número um . Mas aí vamos pensar na Brahma e eu agora só bebo Original.
https://www.youtube.com/watch?v=28rXjvRsxZU